Steyl, 29 de Agosto de 1878.
Sei muito bem que estais esperando esta carta de minha parte, vosso filho e irmão. Por isso apresso-me a escrever-vos apenas algumas linhas, prometendo-vos outra carta dentro de três semanas.
Estava de coração muito triste e senti muito como filho e irmão aquele momento em que me despedi de vós, meus queridos, para ir para um país longínquo do qual não conhecia nada. Quando em Insbruck me vi só e abandonado, senti-me como um órfão; mas de repente vieram-me aquelas palavras que vieram de um bom amigo: “Enquanto mais abandonado e afastado te sentires dos homens, tanto mais perto estarás de Deus”. Senti, então, uma certa alegria e consolo no coração que me dizia: “tu abandonas-te tudo por Deus, portanto Deus não te abandonará”.
Abri o pequeno livro de Tomás de Kempis, único amigo que escolhi para companheiro de viagem, e as primeiras palavras que os meus olhos leram, foram: “vinde a Mim todos os que estão atribulados e Eu o consolarei”. Assim segui de viagem, um dia depois do outro, sem que me tivesse sucedido qualquer desgraça e sem a mínima dificuldade em encontrar o caminho. Para vos contar as coisas que vi, não saberia por começar e acabar. As visitas principais as fiz sobretudo às Igrejas, entre as quais vi algumas mesmo mais bonitas do que a da minha Badia. Um bom trecho da viagem foi por rio. Foram dezoito horas. Da grandeza, maravilha e da comodidade do barco, eu não tinha a menor ideia.
A distância de Oïes até ao lugar onde estou agora, é verdadeiramente muito grande, nunca o tinha imaginado. De Insbruck até agora não encontrei ninguém conhecido. Cheguei aqui Terça à tarde. A viagem custou cerca de 50 florins, e a bagagem que também já chegou custou 15 florins. A experiência geral que tenho desta viagem é aquela que mamã dizia: “Dêem graças a Deus, filhos e filhas, que estais em Badia e a quem Deus não chamou, e não abandonem a formosa Badia”.
Agora umas palavras sobre a Casa da Missões, onde estou atualmente. Esta é realmente uma casa de Deus, onde se respira o espírito de piedade e de temor de Deus. Digo sinceramente, do pouco que vi nestes dias desde que estou aqui, não temo dizer demasiado, se disser que não encontrei até agora uma coisa igual em Cassianeu nem no seminário de Bressanone. O zelo o fervor, a modéstia dos estudantes desta casa, é uma coisa totalmente nova para mim. Que jovens, tão jovens, que conheçam já de tal modo que a vida sobre a terra não é uma brincadeira, não pode vir de outro lado senão do fato de todos estes quererem ser missionários. Por isso estou contentíssimo de estar aqui e não sei como agradecer ao Senhor o suficiente. Poderei aproveitar muito. Primeiro a viver como verdadeiro cristão, em segundo lugar começar a aprender a língua chinesa. Aqui há sete sacerdotes, quarenta estudantes e diversos artesãos. Nesta casa temos uma capela, onde se encontra o Santíssimo Sacramento
Bom, termino desta vez. Peçam muito por mim para que possa responder à vocação a que Deus me chamou. Eu nunca vos esquecerei.
GF (Giuseppe Freinademetz)
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