terça-feira, 4 de março de 2008

Viver a Quaresma com o Verbo Divino - V

Ambientação:
No baptismo o homem passa da morte à vida (Evangelho e 1ª leitura) e chega a ser capaz de agradar a Deus vivendo do Espírito do ressuscitado (2ª leitura). Celebra-se o terceiro escrutínio e durante a semana entrega-se como tradição aos catecúmenos a oração do Senhor (o Pai-nosso).
Os catecúmenos eleitos reúnem todos os domingos, reflectem sobre os evangelhos, partilham uns com os outros como foi o seu caminho pessoal para acreditar em Jesus e no final da semana santa fazem um retiro de preparação para a vigila pascal, durante a qual recebem os sacramentos de iniciação cristã.


A Palavra de hoje:
Ezequiel 37, 12-14; Romanos 8, 8-11; João 11, 1-45.

Meditação:
- Ezequiel 37, 12-14
Na liturgia deste domingo fala-se da ressurreição num crescendo que vai desde o presente fragmento do Antigo Testamento à vitória definitiva de Cristo sobre a morte. Deus, pela boca de Ezequiel, anuncia a próxima abertura dos túmulos.
Trata-se do regresso dos desterrados. Desde o ano 586 a.c., os hebreus encontravam-se deportados na Babilónia e outros lugares, e o desalento apoderou-se dos seus corações, mas o Senhor vai fazer que o seu povo, que se sente como um morto em terra estrangeira, experimente directamente o seu poder vivificante. Deus é quem tem poder de cumprir quanto promete (cf. v.14b). Esse dia será como uma nova criação. As imagens que Ezequiel utiliza pré-anunciam a futura proclamação da salvação integral da humanidade na ressurreição de Jesus.

- João 11, 1-45
O texto da “ressurreição de Lázaro”prepara directamente os acontecimentos pascais e explicita um dos aspectos fundamentais da cristologia joanina. Num crescendo lento, no relato passa-se da narração da doença (vv.1-6), à morte e à sepultura (v.7-37), até à ressurreição ao quarto dia (vv.38-44). Nas entrelinhas aparece a humanidade de Jesus cheio de ternura, que não reprime as lágrimas nem os soluços (vv.33.35), e mostra Jesus numa família amiga - Marta, Maria e Lázaro.
Diante do maior obstáculo da vida que é a morte, a pergunta sobre a fé não é colocada a pessoas desconhecidas, mas a pessoas amigas e discípulas de Jesus. Diante da fé na ressurreição no último dia, já presente nalguns sectores judaicos e que Marta reafirma, Jesus declara-se Ele mesmo “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA” (v.25). e pergunta-lhe: “Crês nisto?” O “credo” de Marta é em si igual ao de Pedro. Sim, Senhor, Tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo.
“Eu sou a ressurreição e a vida” é a palavra mais reveladora deste texto. Faz lembrar a revelação do nome “JAVÉ” (Ex. 3,14). O potente grito com que Jesus chama Lázaro para fora do sepulcro (v.43) tem a força do chamamento à vida do primeiro Adão (cf. Gen 2, 7) e o dramatismo da entrega do Espírito de Jesus na cruz: “ Jesus deu um grande grito: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). E o Pai, que sempre escuta o grito do inocente, vai dar a Jesus a Ressurreição que é a NOVA CRIAÇÃO.
Perguntas para reflexão:
- O que é que te diz este grupo de amigos de Jesus: Marta, Maria e Lázaro?
- Que tem isto a ver com o nosso conhecimento de Jesus e o nosso relacionamento com Ele como família
- Igreja doméstica?
- Qual foi a maior crise de fé para os discípulos de Jesus?
- Que relação tem este texto a ver com o nosso baptismo? (cf. Rom 6, 3-5)
- A experiência da morte de um ser querido ajudou-te a amadurecer na fé em Jesus? De que modo?
- Como devia influir a nossa fé na ressurreição, na forma de viver a morte desde agora e na vida de cada dia?

A Palavra converte-se em oração:
Salmo 116 (114-115):

Amo o Senhor,porque ouviu a voz do meu lamento. Ele inclinou para mim os seus ouvidos,no dia em que o invoquei.Cercaram-me os laços da morte,caíram sobre mim as angústias do sepulcro;estava aflito e cheio de ansiedade,mas invoquei o nome do Senhor:«Ó Senhor, salva-me a vida!»O Senhor é bondoso e compassivo,o nosso Deus é misericordioso.O Senhor guarda os simples;eu estava sem forças e Ele salvou-me.Volta, minha alma, ao teu repouso,porque o Senhor foi bom para contigo.Ele livrou da morte a minha vida,das lágrimas, os meus olhos,da queda, os meus pés.Andarei na presença do Senhor,no mundo dos vivos.Eu tinha confiança, mesmo quando disse:«A minha aflição é muito grande!»
Na minha perturbação, eu dizia:«Todo o homem é mentiroso!»Como retribuirei ao Senhortodos os seus benefícios para comigo?Elevarei o cálice da salvação,invocando o nome do Senhor.Cumprirei as minhas promessas feitas ao Senhorna presença de todo o seu povo.É preciosa aos olhos do Senhora morte dos seus fiéis.Senhor, sou teu servo, filho da tua serva;quebraste as minhas cadeias.Hei-de oferecer-te sacrifícios de louvor,invocando, Senhor, o teu nome.Cumprirei as minhas promessas feitas ao Senhorna presença de todo o seu povo,nos átrios da casa do Senhor,no meio de ti, Jerusalém!Aleluia!

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