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domingo, 24 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Viver a Quaresma com o Verbo Divino-III
Como Israel ao longo do Êxodo, também o catecúmeno busca a água que o salve (1ª leitura). Jesus indica-lhe, como à samaritana, que tem uma água viva capaz de extinguir toda a sede e torna-se fonte de água jorrando para a vida eterna. (Evangelho). Esta água é o seu próprio Espírito (segunda leitura). Como já tinha anunciado João Baptista, Jesus é aquele que baptiza na água e no Espírito Santo. A Igreja neste domingo celebra o 1º escrutínio. Durante a semana tem lugar a entrega do símbolo (o Credo).
A Palavra de hoje:
Êxodo 17, 3-7; Romanos 5, 1-2.5-8; João 4, 5-42
Êxodo 17, 3-7; Romanos 5, 1-2.5-8; João 4, 5-42
Meditação
- Êxodo 17, 3-7
No seu caminho para a terra prometida, o povo sofre repetidamente fome e sede. Fome e sede são as duas constantes do caminho pelo deserto, terra de prova e de purificação, onde só se pode avançar por meio da fé. O episódio de Massa e Meriba é emblemático. Em primeiro lugar os nomes têm um significado eloquente: Massa (tentação, prova) e Meriba (murmuração, protesto). Depois do primeiro trecho do caminho, o povo já se encontra extenuado pela sede. Qual foi a sua atitude? Notemos os verbos “protesta”, “murmura”, “põe à prova”. Desconfia de Deus e duvida de que Moisés seja o homem enviado para salvá-lo; daí a pergunta que manifesta o seu cepticismo: “está ou não o Senhor no meio de nós?” (v.7)
Abre-se assim a segunda parte da narração: Moisés, como intercessor, invoca a ajuda do Senhor que responde em seguida, mandando-lhe golpear a rocha com o mesmo bastão com que tinha golpeado as águas do Nilo. E isto evidencia ao povo incrédulo a presença contínua de Deus, que, na plenitude dos tempos, se manifestará precisamente como o Emanuel, o Deus-connosco. Moisés obedeceu e brotou uma fonte de água. O episódio parece concluído. Sem dúvida, este acontecimento, como outros, por insignificantes que pareçam, terão uma grande ressonância tanto no povo eleito (cf Sl 77, 15s; 94,8; 104,41; Sab 11, 4) como na vida de Moisés. Por causa da falta de fé do povo e da sua própria dúvida (Num.20, 12) Moisés morreu sem entrar na terra prometida, contemplando-a só de longe (cf. Dt 34,4).
Meditação
- João 4, 5-42
O evangelista lê a revelação do mistério profundo da pessoa de Jesus nas vicissitudes quotidianas. É meio-dia. Junto ao poço de Sicar (v. 5; cf Gen 48,22) tem lugar o encontro e o diálogo insólito (v.8) entre uma mulher samaritana e um “judeu” (v.9). No seu diálogo a mulher vai ficando surpreendida com o comportamento e palavras de Jesus e vai-lhe fazendo perguntas sobre quem Ele é. Será ele “maior que Jacob”? (v. 12), afirma que é um profeta por que lhe disse tudo o que ela fez (v.39) e quando diz “eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir” Jesus lhe revela: “sou Eu que estou a falar contigo.” (v.26) Sucessivamente vão chegando os discípulos (v. 27-38), finalmente outros samaritanos conterrâneos da mulher, trazidos por ela: “Eia! Vinde ver um homem” (v.29). Estes samaritanos, depois de encontrarem Jesus e de lhe pedirem que ficasse com eles, dizem: “Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v.40-42). Quem é, pois, aquele rabi que se atreve a conversar com uma mulher (v.26), e ainda por cima, samaritana, quer dizer, considerada herética (vv.17-24; cf 2 Re 17, 29-32) e pecadora (v. 18)? As pessoas que vieram ao seu encontro fazem um processo de fé e acabam por professar: “Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v. 42), o que nos dá a água viva (v.10), isto é, o Espírito Santo. Estamos no cume da narração e do seu conteúdo teológico.Perguntas para reflexão- Desta passagem do Evangelho como podemos rever o nosso próprio processo de fé: como encontrei a Jesus na minha vida? - Que significa para nós que Jesus é a “água viva”? De que modo Jesus sacia a nossa sede?-Neste encontro de Jesus com a samaritana (samaritanos) que barreiras existiam e foram ultrapassadas?(Raça, género, religião) - Que preocupação temos em trazer outros a Cristo (v.29) para que eles próprios também o descubram e se alegrem? (v.42)A
Palavra converte-se em oração Salmo 63 (62) :
Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!A minha alma tem sede de ti;todo o meu ser anela por ti,como terra árida, exausta e sem água.Quero contemplar-te no santuário,para ver o teu poder e a tua glória.O teu amor vale mais do que a vida;por isso, os meus lábios te hão-de louvar.Quero bendizer-te toda a minha vidae em teu louvor levantar as minhas mãos.A minha alma será saciada com deliciosos manjares,com vozes de júbilo te louvarei.Lembro-me de ti no meu leito,penso em ti, se fico acordado,
porque Tu és o meu auxílio,e à sombra das tuas asas eu exulto.A minha alma está unida a ti,a tua mão direita me sustenta.Os que procuram a minha ruína,cairão nas profundezas do abismo.Eles morrerão à espadae serão transformados em pasto de chacais.Mas o rei há-de alegrar-se em Deus,cantarão louvores os que juram por Ele,enquanto a boca dos mentirosos será fechada.
porque Tu és o meu auxílio,e à sombra das tuas asas eu exulto.A minha alma está unida a ti,a tua mão direita me sustenta.Os que procuram a minha ruína,cairão nas profundezas do abismo.Eles morrerão à espadae serão transformados em pasto de chacais.Mas o rei há-de alegrar-se em Deus,cantarão louvores os que juram por Ele,enquanto a boca dos mentirosos será fechada.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Viver a Quaresma com o Verbo Divino - II
Ambientação:
No Domingo passado dialogámos sobre os nossos desertos e as dificuldades que experimentamos no seguimento pessoal e comunitário de Jesus. Também não foi fácil para os primeiros discípulos entender que o seu Mestre ia a caminho de Jerusalém e que morreria na cruz. Neste contexto, Jesus anima-os a manterem-se fiéis no seu seguimento e mostra-lhes a luz da transfiguração, sinal da sua ressurreição.
A PALAVRA DE HOJE:
Génesis 12, 1-4a
Timóteo 1, 8b-10, Mateus 17, 1-9
Génesis 12, 1-4a
Timóteo 1, 8b-10, Mateus 17, 1-9
Meditação - Génesis 12, 1-4a
Depois da aliança que Deus estabeleceu com Noé, em que Deus jurou fidelidade ao que criou (cf Gen 9), os homens continuam inclinados para o mal (cf. Gen 11). Mas Deus continua a buscar a comunhão com os homens: à dispersão de Babel segue a vocação de Abraão, chamado significativamente a romper todo o vínculo social e clânico para poder seguir incondicionalmente os caminhos do Senhor. (Gen 12, 1).
Ao mandato de Deus: “sai da tua terra…” segue-se uma promessa de bênção super abundante: em dois versículos aparece cinco vezes. Tal repetição indica os três âmbitos da acção de Deus em favor de Abraão. O primeiro é a promessa de uma posteridade humana impossível (Gen 11, 30), acompanhada de um nome imposto por Deus (como contraposição a Gen 11, 4). O segundo âmbito, manifestado no v. 3 a, amplia o horizonte a todos os que reconheçam e acolham a história de salvação que Deus inaugura a partir de Abraão: converter-se-ão em filhos da promessa. Pelo contrário, quem pretenda ser obstáculo não conseguirá o seu intento (cf. Num 22 – 24). No v. 3b o horizonte universaliza-se: o terceiro âmbito da acção benéfica de Deus é a inclusão de todas as raças da terra na história de salvação.Em Cristo, a promessa de Deus dilatou-se a todas as gentes (cf. Gal 3, 15-18) até à plenitude no Reino de Deus. Ao mandamento de Deus segue-se a obediência de Abraão, deixando que Deus disponha de si e do seu destino. Confiando nele pôs-se a caminho de outra terra, como lhe tinha dito o Senhor. Nesta marcha, não só Israel, mas todos “os filhos da promessa”, reconhecem o modelo das sucessivas saídas que o Senhor pedirá aos seus: o Êxodo, o regresso de Babilónia; no Novo Testamento o êxodo do próprio Jesus (morte e ressurreição) e o consequente seguimento dos discípulos no caminho de Jesus.
Depois da aliança que Deus estabeleceu com Noé, em que Deus jurou fidelidade ao que criou (cf Gen 9), os homens continuam inclinados para o mal (cf. Gen 11). Mas Deus continua a buscar a comunhão com os homens: à dispersão de Babel segue a vocação de Abraão, chamado significativamente a romper todo o vínculo social e clânico para poder seguir incondicionalmente os caminhos do Senhor. (Gen 12, 1).
Ao mandato de Deus: “sai da tua terra…” segue-se uma promessa de bênção super abundante: em dois versículos aparece cinco vezes. Tal repetição indica os três âmbitos da acção de Deus em favor de Abraão. O primeiro é a promessa de uma posteridade humana impossível (Gen 11, 30), acompanhada de um nome imposto por Deus (como contraposição a Gen 11, 4). O segundo âmbito, manifestado no v. 3 a, amplia o horizonte a todos os que reconheçam e acolham a história de salvação que Deus inaugura a partir de Abraão: converter-se-ão em filhos da promessa. Pelo contrário, quem pretenda ser obstáculo não conseguirá o seu intento (cf. Num 22 – 24). No v. 3b o horizonte universaliza-se: o terceiro âmbito da acção benéfica de Deus é a inclusão de todas as raças da terra na história de salvação.Em Cristo, a promessa de Deus dilatou-se a todas as gentes (cf. Gal 3, 15-18) até à plenitude no Reino de Deus. Ao mandamento de Deus segue-se a obediência de Abraão, deixando que Deus disponha de si e do seu destino. Confiando nele pôs-se a caminho de outra terra, como lhe tinha dito o Senhor. Nesta marcha, não só Israel, mas todos “os filhos da promessa”, reconhecem o modelo das sucessivas saídas que o Senhor pedirá aos seus: o Êxodo, o regresso de Babilónia; no Novo Testamento o êxodo do próprio Jesus (morte e ressurreição) e o consequente seguimento dos discípulos no caminho de Jesus.
Meditação - Mateus 17, 1-9
No texto de Mateus, a narração da transfiguração começa com uma indicação cronológica “seis dias depois”. Esta cronologia mostra a ligação com o texto profissão de fé de Pedro, com o primeiro anúncio da paixão e com a declaração de que para ser discípulos é necessário segui-lo pelo caminho da cruz. No alto do monte, Jesus mostra-lhes o seu aspecto divino “mudando de aspecto” v.2. Mateus insiste particularmente na luz e no fulgor que emanam dele, evocando a figura do Filho do homem de Dan 10 e a narração da manifestação de Javé no cimo do monte Sinai (Ex 34, 29-33)As contínuas alusões às teofanias do Antigo Testamento (Ex 19, 16; 24, 3; 1 Re 19, 11) indicam que se está a passar algo extremamente importante: em Jesus, a antiga aliança vai transformar-se em “nova e eterna aliança”. A aparição de Moisés e Elias testemunha que Jesus é o cumprimento da Lei e dos profetas; é Ele que guiará o povo à verdadeira terra prometida - vida eterna no amor - e à integridade da fé em Deus.
A intervenção de Pedro (v.4) indica o contexto litúrgico da festa dos tabernáculos, a mais alegre e resplandecente de luzes, que comemorava o tempo do êxodo, quando Deus baixava ao meio do seu povo morando também numa tenda, a tenda do encontro. A nuvem da presença (skekinah), que agora desce e envolve os presentes, actualiza e leva à plenitude a liturgia: como declara a voz que se ouve do céu. Jesus é o profeta maior preanunciado pelo próprio Moisés (Dt 18, 15) e é-o por ser o Filho predilecto de Deus. A ordem é “escutai-O” (v.5)
Face esta manifestação extraordinária de glória, um grande temor se apodera dos discípulos. Jesus reanima-os com os seus gestos e a sua palavra (v.7), como o Filho do homem da visão de Daniel. Torna-se mais desconcertante e incompreensível para os discípulos o que Jesus já só, lhes diz: “não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do homem ressuscite dos mortos”.A liturgia de hoje pede-nos para entrar pelo caminho estreito e difícil; o caminho da fé obediente que exigiu a Abraão umas rupturas concretas e dirigir-se a metas desconhecidas. É o caminho da difícil perseverança que exige a Timóteo vencer o desalento e uma generosidade renovada do dom de si (2ª leitura). É o caminho do sofrimento e da morte que Jesus percorre, plenamente consciente, preparando os seus discípulos para que também o afrontem com fortaleza. Sem dúvida, é o único caminho que conduz à verdadeira vida, à glória autêntica, à luz sem ocaso.
Desde já nos é concedido a graça de antegozar um pouco o esplendor da transfiguração para prosseguir o caminho com entusiasmo. A promessa de bênção divina cobriu de esperança a vida de Abraão; a força de Deus ajuda Timóteo a obter a graça de Cristo para difundir o evangelho com entusiasmo; a visão de Cristo transfigurado dá lembrança de luz aos discípulos na hora da ignomínia e da cruz.
O sofrimento é fiel companheiro no caminho da vida, mas na prova não estamos sós: Jesus está a nosso lado com “varão de dores que conhece bem o que é sofrer”, como o primeiro que levou o peso da cruz. Isto basta para mantermo-nos confiantes que o seu poder se manifesta plenamente na nossa debilidade; nos injecta ânimo para assumir estas opções no caminho até à Páscoa e para dar testemunho da ressurreição.
Perguntas para reflexão- Que relação tem este texto da transfiguração com a etapa crítica na vida de Jesus (crise da Galileia!) e da fé dos discípulos? (cf. Mt 16, 13ss; Mt 14,22-33;Mc 10, 32).- Tenta descobrir quais foram na tua vida os momentos de luz, os momentos de transfiguração. Quando vistes outras pessoas com quem vives transfiguradas, bonitas, atraentes? - Onde encontramos hoje a Cristo transfigurado, ressuscitado e que nos transfigura?- Esta passagem da Transfiguração que motivos te dá para viveres com alegria e esperança este tempo da Quaresma? A que compromisso te leva?
A Palavra converte-se em oraçãoSenhor Jesus, que antes da Paixão mostrastes aos teus discípulos, o teu rosto glorioso,a fim de que não desfaleçam na hora da grande prova, convida-nos também a nós a subir contigo ao monte. No meio do silêncio e do recolhimento, faz que sintamos ressoar no nosso coração a tua Palavra,que é luz para os nossos passos e apoio para enfrentar,com uma fé sempre renovada, o caminho quotidiano da vida neste vale de lágrimas.Agradecemos-te pelos momentos de luz e transfiguraçãoque experimentámos na nossa vida e nos animam a continuar apesar das dificuldades.E, enquanto solícitos,avançamos na nossa peregrinação terrena até à casa do Pai, te pedimos, humildemente, pelos nossos irmãos mais pobres e sofredores, pelos nossos companheiros de viagem mais duramente provados e tentados pelo desfalecimento, que recebam desde já a graçade verem transfiguradas as suas dores naquela luz gloriosa que marca a passagem da cruz à glória da ressurreição.
A intervenção de Pedro (v.4) indica o contexto litúrgico da festa dos tabernáculos, a mais alegre e resplandecente de luzes, que comemorava o tempo do êxodo, quando Deus baixava ao meio do seu povo morando também numa tenda, a tenda do encontro. A nuvem da presença (skekinah), que agora desce e envolve os presentes, actualiza e leva à plenitude a liturgia: como declara a voz que se ouve do céu. Jesus é o profeta maior preanunciado pelo próprio Moisés (Dt 18, 15) e é-o por ser o Filho predilecto de Deus. A ordem é “escutai-O” (v.5)
Face esta manifestação extraordinária de glória, um grande temor se apodera dos discípulos. Jesus reanima-os com os seus gestos e a sua palavra (v.7), como o Filho do homem da visão de Daniel. Torna-se mais desconcertante e incompreensível para os discípulos o que Jesus já só, lhes diz: “não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do homem ressuscite dos mortos”.A liturgia de hoje pede-nos para entrar pelo caminho estreito e difícil; o caminho da fé obediente que exigiu a Abraão umas rupturas concretas e dirigir-se a metas desconhecidas. É o caminho da difícil perseverança que exige a Timóteo vencer o desalento e uma generosidade renovada do dom de si (2ª leitura). É o caminho do sofrimento e da morte que Jesus percorre, plenamente consciente, preparando os seus discípulos para que também o afrontem com fortaleza. Sem dúvida, é o único caminho que conduz à verdadeira vida, à glória autêntica, à luz sem ocaso.
Desde já nos é concedido a graça de antegozar um pouco o esplendor da transfiguração para prosseguir o caminho com entusiasmo. A promessa de bênção divina cobriu de esperança a vida de Abraão; a força de Deus ajuda Timóteo a obter a graça de Cristo para difundir o evangelho com entusiasmo; a visão de Cristo transfigurado dá lembrança de luz aos discípulos na hora da ignomínia e da cruz.
O sofrimento é fiel companheiro no caminho da vida, mas na prova não estamos sós: Jesus está a nosso lado com “varão de dores que conhece bem o que é sofrer”, como o primeiro que levou o peso da cruz. Isto basta para mantermo-nos confiantes que o seu poder se manifesta plenamente na nossa debilidade; nos injecta ânimo para assumir estas opções no caminho até à Páscoa e para dar testemunho da ressurreição.
Perguntas para reflexão- Que relação tem este texto da transfiguração com a etapa crítica na vida de Jesus (crise da Galileia!) e da fé dos discípulos? (cf. Mt 16, 13ss; Mt 14,22-33;Mc 10, 32).- Tenta descobrir quais foram na tua vida os momentos de luz, os momentos de transfiguração. Quando vistes outras pessoas com quem vives transfiguradas, bonitas, atraentes? - Onde encontramos hoje a Cristo transfigurado, ressuscitado e que nos transfigura?- Esta passagem da Transfiguração que motivos te dá para viveres com alegria e esperança este tempo da Quaresma? A que compromisso te leva?
A Palavra converte-se em oraçãoSenhor Jesus, que antes da Paixão mostrastes aos teus discípulos, o teu rosto glorioso,a fim de que não desfaleçam na hora da grande prova, convida-nos também a nós a subir contigo ao monte. No meio do silêncio e do recolhimento, faz que sintamos ressoar no nosso coração a tua Palavra,que é luz para os nossos passos e apoio para enfrentar,com uma fé sempre renovada, o caminho quotidiano da vida neste vale de lágrimas.Agradecemos-te pelos momentos de luz e transfiguraçãoque experimentámos na nossa vida e nos animam a continuar apesar das dificuldades.E, enquanto solícitos,avançamos na nossa peregrinação terrena até à casa do Pai, te pedimos, humildemente, pelos nossos irmãos mais pobres e sofredores, pelos nossos companheiros de viagem mais duramente provados e tentados pelo desfalecimento, que recebam desde já a graçade verem transfiguradas as suas dores naquela luz gloriosa que marca a passagem da cruz à glória da ressurreição.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Estar com Jesus em Geszemani
É preciso apreender d'Ele nos momentos mais difíceis da vida. A única espada para podermos sair das nossas aflições é estar com Deus através da Oração e meditação. O tempo da quaresma não é otempo da solidão, mas sim, um tempo de "namoro" com Deus, o tempo da oração, e da conversão.
Mensagem do Papa Para a Quaresma
«Cristo fez-Se pobre por vós» (cf. 2 Cor 8, 9)
Queridos irmãos e irmãs!
1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal, a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos que ajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: tais são a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quaresmal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma forma concreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo, uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. Jesus declara, de maneira peremptória, quão forte é a atracção das riquezas materiais e como deve ser clara a nossa decisão de não as idolatrar, quando afirma: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 13). A esmola ajuda-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das colectas especiais para os pobres, que são promovidas em muitas partes do mundo durante a Quaresma. Desta forma, a purificação interior é corroborada por um gesto de comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva. São Paulo fala disto mesmo quando, nas suas Cartas, se refere à colecta para a comunidade de Jerusalém (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27).
2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser considerados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhor chama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência junto do próximo. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, os bens materiais possuem um valor social, exigido pelo princípio do seu destino universal (cf. n. 2403).É evidente, no Evangelho, a admoestação que Jesus faz a quem possui e usa só para si as riquezas terrenas. À vista das multidões carentes de tudo, que passam fome, adquirem o tom de forte reprovação estas palavras de São João: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus?» (1 Jo 3, 17). Entretanto, este apelo à partilha ressoa, com maior eloquência, nos Países cuja população é composta, na sua maioria, por cristãos, porque é ainda mais grave a sua responsabilidade face às multidões que penam na indigência e no abandono. Socorrê-las é um dever de justiça, ainda antes de ser um gesto de caridade.
3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4). E, pouco antes, tinha dito que não devemos vangloriar-nos das nossas boas acções, para não corrermos o risco de ficar privados da recompensa celeste (cf. Mt 6, 1-2). A preocupação do discípulo é que tudo seja para a maior glória de Deus. Jesus admoesta: «Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos Céus» (Mt 5, 16). Portanto, tudo deve ser realizado para glória de Deus, e não nossa. Queridos irmãos e irmãs, que esta consciência acompanhe cada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. Na moderna sociedade da imagem, é preciso redobrar de atenção, dado que esta tentação é frequente. A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma expressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao morrer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deus por tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade mediática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximo em dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coração se ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhecimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe que Deus «vê no segredo» e no segredo recompensará.
4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo que transcenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos que há mais alegria em dar do que em receber (cf. Act 20, 35). Quando agimos com amor, exprimimos a verdade do nosso ser: de facto, fomos criados a fim de vivermos não para nós próprios, mas para Deus e para os irmãos (cf. 2 Cor 5, 15). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nossos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude de vida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz, satisfação interior e alegria. O Pai celeste recompensa as nossas esmolas com a sua alegria. Mais ainda: São Pedro cita, entre os frutos espirituais da esmola, o perdão dos pecados. «A caridade – escreve ele – cobre a multidão dos pecados» (1 Pd 4, 8). Como se repete com frequência na liturgia quaresmal, Deus oferece-nos, a nós pecadores, a possibilidade de sermos perdoados. O facto de partilhar com os pobres o que possuímos, predispõe-nos para recebermos tal dom. Penso, neste momento, em quantos experimentam o peso do mal praticado e, por isso mesmo, se sentem longe de Deus, receosos e quase incapazes de recorrer a Ele. A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.
5. A esmola educa para a generosidade do amor. São José Bento Cottolengo costumava recomendar: «Nunca conteis as moedas que dais, porque eu sempre digo: se ao dar a esmola a mão esquerda não há de saber o que faz a direita, também a direita não deve saber ela mesma o que faz » (Detti e pensieri, Edilibri, n. 201). A este propósito, é muito significativo o episódio evangélico da viúva que, da sua pobreza, lança no tesouro do templo «tudo o que tinha para viver» (Mc 12, 44). A sua pequena e insignificante moeda tornou-se um símbolo eloquente: esta viúva dá a Deus não o supérfluo, não tanto o que tem como sobretudo aquilo que é; entrega-se totalmente a si mesma.Este episódio comovedor está inserido na descrição dos dias que precedem imediatamente a paixão e morte de Jesus, o Qual, como observa São Paulo, fez-Se pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9); entregou-Se totalmente por nós. A Quaresma, nomeadamente através da prática da esmola, impele-nos a seguir o seu exemplo. Na sua escola, podemos aprender a fazer da nossa vida um dom total; imitando-O, conseguimos tornar-nos disponíveis para dar não tanto algo do que possuímos, mas darmo-nos a nós próprios. Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.
6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. Nos Actos dos Apóstolos, conta-se que o apóstolo Pedro disse ao coxo que pedia esmola à porta do templo: «Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te o que tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda» (Act 3, 6). Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior que podemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, em cujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os crentes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração, o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das Festas Pascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2007.
Cruz que promete a Vida
Apa makna sebuah salib untuk kita?. Belajar dari pengalaman Yesus sendiri, Salib bukan saja didefinisikan sebagai lambang dari kematian, tetapi juga sumber dari sebuah kebangkitan akan kehidupan yang baru. Dua hal penting yang perlu kita pelajari dari salib Yesus di masa puasa ini: Yang pertama: Semangat untuk memberikan harapan hidup bagi mereka yang terluka dan menderita. "Hari ini juga engkau berada bersama aku di rumah Bapa", dan yang kedua: Membawa semua orang yang kita kasihi ke hadirat sang Ibu yang setia mendampingi putranya sampai di Golgota. Di atas salib, Yesus, sambil menatap Yohanes dengan air mata berdarah berkata kepada ibu-Nya: "Ibu, inilah anakmu, dan kepada Yohanes Dia berkata: Inilah ibumu". Seruan Yesus di atas Salib "Aku haus" kiranya membangkitkan semangat kita untuk memberikan "seteguk air" kepada setiap orang yang lagi membutuhkan bantuan kita. Suatu permintaan yang sangat halus untuk kita beramal kasih dengan semua orang yang lagi mengalami penderitaan yang sama.
Viver a Quaresma com o Verbo Divino - I
PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA
Ambientação:
No primeiro Domingo da Quaresma lemos o relato das tentações de Jesus segundo o Evangelho de S. Mateus, que nos convida a centrar-nos no que significaram as tentações na vida de Jesus e o que significam para nós, seus seguidores.
A Palavra de hoje: Génesis 2, 7-9; 3,1-7, Romanos 5, 12-19Mateus 4, 1-11
Meditação - Génesis 2, 7-9; 3,1-7
O plano de Deus e o problema do mal constituem, em síntese, os temas propostas pela liturgia neste texto. Da terra (adamah), da matéria, Deus forma o homem (adam) e insufla nele a sua própria respiração e o homem torna-se um ser vivente. Rodeia-o de bem e de beleza (v. 9), coloca-o num ambiente preparado com esmero e confia-lhe uma tarefa, uma missão: cultivar e guardar o jardim (a Terra) (v.15). Dá-lhe ampla liberdade para determinar e transformar a realidade que o rodeia mediante o trabalho e a autoridade pessoal (vv.9s). Decidir o que é bem ou o que é mal não é da competência do homem. Para discernir isso deve escutar a Deus. O pecado é desobediência à voz de Deus.
A árvore do conhecimento do bem e do mal é a própria consciência onde Deus fala. Na consciência nós não mandamos, obedecemos. O texto bíblico diz-nos que o mal também vem por uma influência externa que induz a uma opção errónea. O termo para indicar a serpente significa também adivinhação, os cultos idolátricos e de fertilidade, com o que o símbolo da serpente tinha muito que ver e que não deixavam de atrair Israel. No texto, a serpente trata da ordem de Deus (não comerás) como se fosse uma mentira. (v.4ss). Esta narração está a responder a uma pergunta fundamental da humanidade: se Deus é bom e fez tudo bem porque é que existe tanto mal neste mundo? O paradoxo está no facto de que, quando o homem não aceita Deus como o seu Criador e desobedece, traz o mal ao mundo e descobre a sua nudez, com outras palavras, que não é nada, que não tem nada que não lhe tivesse sido dado.Meditação - Mateus 4, 1-11Jesus, proclamado pelo Pai, Filho no qual tem toda a sua alegria, logo a seguir ao baptismo é conduzido “pelo Espírito” ao deserto onde vai ser tentado pelo diabo.
Jesus, que veio para recapitular toda a humanidade, deu total adesão à vontade do Pai. Adão e Eva e o povo de Israel não o fizeram. Jesus, no episódio das tentações, é submetido às mesmas tentações do povo do Êxodo, como indicam as citações do Deuteronómio com as quais responde a Satanás (Dt 8, 3; 6, 16; 6, 13). Mas onde Israel falhou, Jesus vence.
A manha diabólica começa por apresentar a Jesus as esperanças messiânicas e pedindo-lhe que demonstre se é verdade que é Filho de Deus como tinha afirmado a voz vinda do céu (cf. Mt 3, 17). À proposta de um messianismo que satisfaça com facilidade as necessidades materiais do homem, Jesus responde: “nem só de pão vive o homem mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. À imagem de uma missão milagreira e espectacular que o diabo lhe propõe, Jesus opõe uma submissão incondicional aos desígnios de Deus (vv.5-7). À tentação do êxito segue finalmente a do domínio – converter-se em senhor da terra, ceder à idolatria do poder –, mas o caminho messiânico que Cristo intuiu no deserto é muito diferente. Com a autoridade que lhe vem da sua dedicação plena a Deus, Ele, o perfeito adorador do Pai, vence as tentações.
Mateus apresenta-nos Jesus não só como o verdadeiro Israel, mas também como o novo Moisés, ao citar o jejum de quarenta dias e quarenta noites, e ao mencionar o “monte altíssimo” onde o diabo lhe mostra todos os reinos da terra, aludindo a Dt 34, 1-4. Estes quarenta dias no deserto preparam Jesus para que assuma a condução do novo povo de Deus, a quem Ele oferece a nova Lei no sermão da montanha (cf. Mt 5 – 7).Perguntas para reflexão - Quem conduz Jesus ao deserto?- Recordas outras passagens da Bíblia em que se fale do deserto? (Podes ler Dt 8, 2-3; Os 2, 16).- Jesus supera as tentações. Imediatamente depois, o que é que Ele anuncia? A que é que convida? (cf. Mt 4, 17-19)- As tentações de Jesus no deserto parecem-se às que as nossas comunidades cristãs têm que enfrentar hoje? Quais são elas? Como podemos vencê-las aprendendo de Jesus?A Palavra converte-se em oraçãoRezemos juntos o Salmo 51 (50):Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.Lava-me de toda a iniquidade;purifica-me dos meus delitos.Reconheço as minhas culpase tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Contra ti pequei, só contra ti,fiz o mal diante dos teus olhos;por isso é justa a tua sentençae recto o teu julgamento.Eis que nasci na culpae a minha mãe concebeu-me em pecado.Tu aprecias a verdade no íntimo do sere ensinas-me a sabedoria no íntimo da alma.
Purifica-me com o hissope e ficarei puro,lava-me e ficarei mais branco do que a neve.Faz-me ouvir palavras de gozo e alegriae exultem estes ossos que trituraste.Desvia o teu rosto dos meus pecadose apaga todas as minhas culpas.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro;renova e dá firmeza ao meu espírito.Não me afastes da tua presença,nem me prives do teu santo espírito!Dá-me de novo a alegria da tua salvaçãoe sustenta-me com um espírito generoso.Então ensinarei aos transgressores os teus caminhose os pecadores hão-de voltar para ti.
Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue,e a minha língua anunciará a tua justiça.Abre, Senhor, os meus lábios,para que a minha boca possa anunciar o teu louvor. Não te comprazes nos sacrifíciosnem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito;ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido. Pela tua bondade, trata bem a Sião;reconstrói os muros de Jerusalém.Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos,os holocaustos e as ofertas;então serão oferecidos novilhos no teu altar.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Viver a Quaresma com o Verbo Divino
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
AmbientaçãoA bênção e a imposição das cinzas são uma prática penitencial muito antiga. Nos primeiros séculos da Igreja os cristãos que haviam prejudicado a comunidade cristã com escândalos públicos, expiavam-nos durante a Quaresma. No começo deste tempo litúrgico recebiam as cinzas sobre as suas cabeças em sinal de humildade, e, a seguir, eram acompanhados à porta da Igreja. Até 5ª Feira-Santa não participavam nas assembleias da comunidade, mas permaneciam no átrio em sinal de penitência.Hoje, em que tudo se permite e tudo se procura contestar, não só se está a perder a consciência do pecado como também a própria realidade dramática do pecado. Ao ouvirmos a palavra de Deus “lembra-te que és pó” (terra) é hora de defendermos a Terra que está a ser destruída pela ganância do lucro.Na Quaresma orientemo-nos pela conversão – escutar Deus, e pela solidariedade – ajudar os necessitados. Jejum, hoje, é renunciar para mais partilhar.A Palavra de hoje:
Joel 2, 12-18Coríntios 5, 20-6, 2Mateus 6, 1-6. 16-18Meditação: Joel 2, 12-18A mensagem do profeta Joel foi pronunciada provavelmente depois do desterro, no templo de Jerusalém. Uma praga de gafanhotos devastou os campos, provocando carestia de bens e fome (1, 2 – 2, 10). Como consequência, cessou o culto dos sacrifícios no templo (1, 13-16). O profeta lê os sinais dos tempos e por isso anuncia a proximidade do dia do Senhor, convidando todo o povo ao jejum, à oração, à penitência (2, 12.15.-17a).
A palavra-chave deste texto, repetida três vezes nos primeiros versículos é voltar (shûb em Hebraico) verbo clássico da conversão. O v. 12 apresenta ao povo o convite, à conversão. Sem a renovação interior e a mudança do coração os ritos litúrgicos não agradam a Deus. No v. 13, o convite à conversão aparece de novo e a motivação é porque o Senhor é sempre misericordioso. No v. 14 o mesmo verbo se refere a Deus abrindo uma porta à esperança: “perdoará uma vez mais”. A conversão expressa-se num amor sincero a Deus, numa fé mais sólida, e numa esperança que se faz oração comunitária e penitente. Tendo estas disposições, o profeta e os sacerdotes poderão pedir ao Senhor que se mostre zeloso com a sua terra, compassivo com a sua herança (vv.17s).
Meditação - Mateus 6, 1-6.16-18Tende cuidado que a vossa justiça não seja como a dos fariseus (v.1). Jesus pede aos seus discípulos uma justiça superior à dos escribas e fariseus (cf. Mt 5, 20). Mesmo que as práticas exteriores sejam as mesmas, Jesus reclama a vigilância sobre as intenções que nos movem a actuar.
O evangelho repete primeiro as três obras típicas da piedade judaica: a esmola (6, 2-4); a oração (6, 5-15) e o jejum (6, 16-18). A novidade de Jesus é esta: essas obras não valem de nada se forem feitas para vanglória e a própria recompensa. O valor delas consiste em fazê-las diante do Pai que vê no segredo. Jesus completa a tradição ensinando-nos o Pai-nosso e ressaltando como é indispensável o perdão …”mas se não perdoardes aos homens também o vosso Pai não perdoará os vossos delitos” (Mt 6, 15).
Penitência e arrependimento não são sinónimos de abatimento, tristeza ou frustração; pelo contrário, constituem uma modalidade de abertura à luz que pode dissipar as obscuridades interiores, tornar-nos conscientes de nós mesmos na verdade e fazer-nos experimentar a misericórdia de Deus. Quem vive na presença de Deus, é livre.
Aquele que nos envolve com amor total liberta-nos do nosso mal e reveste-nos de uma inocência nova.O Senhor tinha confiado ao profeta a missão de convocar o povo para suscitar uma nova esperança através de um caminho penitencial; aos apóstolos confia-lhes o ministério da reconciliação; à Igreja hoje, encarrega-a de proclamar que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação! Renovados pelo amor aprenderemos a viver sob o olhar do Pai, contentes de poder cumprir humildemente o que lhe agrada e ajudar os nossos irmãos. A sua presença no segredo do nosso coração será a verdadeira alegria, a única recompensa esperada e de que temos já um antegosto.
Perguntas para reflexão- Que significado tem para nós, hoje, o jejum, a oração, a esmola? - Com que atitudes devemos iniciar e viver o tempo da Quaresma?A Palavra converte-se em oraçãoMeu Pai, Tu que vês no escondido, sabes como fujo do mais íntimo de mim mesmo e como busco a admiração dos homens. Ó pobre recompensa do orgulho do meu “eu” que representa o seu papel na comédia humana!Muito distinto, muito mais desconcertante é o mistério da tua piedade, mas como ainda o ignoro, vou vagueando longe de Ti.Faz-me voltar, te suplico, à profundidade do meu ser onde tu moras. Na luz nova do arrependimento exultarei de alegria na tua presença. Pai nosso, que estás nos céus, tu conheces o mal do mundo e como eu para ele, cada dia, contribuo com o meu egoísmo e desobediência à tua Palavra. Ajuda-me hoje a acolher o dia da salvação; concede-me agora a graça de olhar para o teu Filho, tratado como pecador e crucificado por nós, por mim. Reconciliado por Ele, Amor infinito, viverei no amor humilde que não busca outra recompensa além de Ti.
Fonte: http:/www.verbodivino.pt
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
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