sábado, 23 de fevereiro de 2008

Viver a Quaresma com o Verbo Divino-III

Ambientação:
Como Israel ao longo do Êxodo, também o catecúmeno busca a água que o salve (1ª leitura). Jesus indica-lhe, como à samaritana, que tem uma água viva capaz de extinguir toda a sede e torna-se fonte de água jorrando para a vida eterna. (Evangelho). Esta água é o seu próprio Espírito (segunda leitura). Como já tinha anunciado João Baptista, Jesus é aquele que baptiza na água e no Espírito Santo. A Igreja neste domingo celebra o 1º escrutínio. Durante a semana tem lugar a entrega do símbolo (o Credo).
A Palavra de hoje:
Êxodo 17, 3-7; Romanos 5, 1-2.5-8; João 4, 5-42
Meditação
- Êxodo 17, 3-7
No seu caminho para a terra prometida, o povo sofre repetidamente fome e sede. Fome e sede são as duas constantes do caminho pelo deserto, terra de prova e de purificação, onde só se pode avançar por meio da fé. O episódio de Massa e Meriba é emblemático. Em primeiro lugar os nomes têm um significado eloquente: Massa (tentação, prova) e Meriba (murmuração, protesto). Depois do primeiro trecho do caminho, o povo já se encontra extenuado pela sede. Qual foi a sua atitude? Notemos os verbos “protesta”, “murmura”, “põe à prova”. Desconfia de Deus e duvida de que Moisés seja o homem enviado para salvá-lo; daí a pergunta que manifesta o seu cepticismo: “está ou não o Senhor no meio de nós?” (v.7)
Abre-se assim a segunda parte da narração: Moisés, como intercessor, invoca a ajuda do Senhor que responde em seguida, mandando-lhe golpear a rocha com o mesmo bastão com que tinha golpeado as águas do Nilo. E isto evidencia ao povo incrédulo a presença contínua de Deus, que, na plenitude dos tempos, se manifestará precisamente como o Emanuel, o Deus-connosco. Moisés obedeceu e brotou uma fonte de água. O episódio parece concluído. Sem dúvida, este acontecimento, como outros, por insignificantes que pareçam, terão uma grande ressonância tanto no povo eleito (cf Sl 77, 15s; 94,8; 104,41; Sab 11, 4) como na vida de Moisés. Por causa da falta de fé do povo e da sua própria dúvida (Num.20, 12) Moisés morreu sem entrar na terra prometida, contemplando-a só de longe (cf. Dt 34,4).
Meditação
- João 4, 5-42
O evangelista lê a revelação do mistério profundo da pessoa de Jesus nas vicissitudes quotidianas. É meio-dia. Junto ao poço de Sicar (v. 5; cf Gen 48,22) tem lugar o encontro e o diálogo insólito (v.8) entre uma mulher samaritana e um “judeu” (v.9). No seu diálogo a mulher vai ficando surpreendida com o comportamento e palavras de Jesus e vai-lhe fazendo perguntas sobre quem Ele é. Será ele “maior que Jacob”? (v. 12), afirma que é um profeta por que lhe disse tudo o que ela fez (v.39) e quando diz “eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir” Jesus lhe revela: “sou Eu que estou a falar contigo.” (v.26) Sucessivamente vão chegando os discípulos (v. 27-38), finalmente outros samaritanos conterrâneos da mulher, trazidos por ela: “Eia! Vinde ver um homem” (v.29). Estes samaritanos, depois de encontrarem Jesus e de lhe pedirem que ficasse com eles, dizem: “Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v.40-42). Quem é, pois, aquele rabi que se atreve a conversar com uma mulher (v.26), e ainda por cima, samaritana, quer dizer, considerada herética (vv.17-24; cf 2 Re 17, 29-32) e pecadora (v. 18)? As pessoas que vieram ao seu encontro fazem um processo de fé e acabam por professar: “Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v. 42), o que nos dá a água viva (v.10), isto é, o Espírito Santo. Estamos no cume da narração e do seu conteúdo teológico.Perguntas para reflexão- Desta passagem do Evangelho como podemos rever o nosso próprio processo de fé: como encontrei a Jesus na minha vida? - Que significa para nós que Jesus é a “água viva”? De que modo Jesus sacia a nossa sede?-Neste encontro de Jesus com a samaritana (samaritanos) que barreiras existiam e foram ultrapassadas?(Raça, género, religião) - Que preocupação temos em trazer outros a Cristo (v.29) para que eles próprios também o descubram e se alegrem? (v.42)A
Palavra converte-se em oração Salmo 63 (62) :
Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!A minha alma tem sede de ti;todo o meu ser anela por ti,como terra árida, exausta e sem água.Quero contemplar-te no santuário,para ver o teu poder e a tua glória.O teu amor vale mais do que a vida;por isso, os meus lábios te hão-de louvar.Quero bendizer-te toda a minha vidae em teu louvor levantar as minhas mãos.A minha alma será saciada com deliciosos manjares,com vozes de júbilo te louvarei.Lembro-me de ti no meu leito,penso em ti, se fico acordado,
porque Tu és o meu auxílio,e à sombra das tuas asas eu exulto.A minha alma está unida a ti,a tua mão direita me sustenta.Os que procuram a minha ruína,cairão nas profundezas do abismo.Eles morrerão à espadae serão transformados em pasto de chacais.Mas o rei há-de alegrar-se em Deus,cantarão louvores os que juram por Ele,enquanto a boca dos mentirosos será fechada.

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