quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pentecostes, Festa da Acção de Graças



A Eucaristia que estamos a celebrar, é uma celebração da acção de graças, por Deus ter manifestado o Seu plenitude do amor realizado no sacrifício de Cristo morto e ressuscitado. Também é um momento de nós agradecermos pelo dom da nossa vida, por esta união e fraternidade e pela vocação de cada um de nos. Unidos nesta alegria de Pentecostes, elevemos o nosso agradecimento, deixando que o Espírito do Senhor sopre sobre nós e nos transforme.

Pentecostes, historicamente, é uma celebração de louvor e da acção de graças. Em grego, diz-se “Quinquagésima”-dia depois de Páscoa. Os Judeus chamam-lhe festa das semanas. Na cultura hebraica, esta festa realiza-se sete semanas depois de pascoa. Era uma festa em que se ofereciam a Deus as primícias das colheitas, num gesto de acção de graças. Mais tarde, os rabinos também lhe deram o sentido de comemoração de promulgação da lei do Sinai.
Na linguagem comum da nossa fé e na fórmula teológica e bíblica, a solenidade de Pentecostes é uma celebração em que a Igreja se recorda o dia do seu nascimento com a vinda do Espírito Santo sobre a nossa Senhora e os Apóstolos. Como membro da Igreja, e como a Igreja “Apostólica” que somos, vamos, portanto, elevar os nossos louvores pelo dom da nossa fé, pois, sabemos que, ser cristão não é uma opção nossa, mas, sim, é uma vocação, oriundo de Deus.

Neste clima festivo da acção de graças ou Pentecostes, coroa do ciclo de Páscoa, as leituras que acabamos de ouvir interpelam e convidam-nos para uma nova vida - para nascer e renascermos continuamente. Nascemos para a vida no Espírito e, renascemos para o projecto de Deus, procurando falar a linguagem do Espírito para o mundo de hoje.

Nascer para a vida no Espírito leva-nos ao novo princípio de acção que visa a vida. O Paráclito realiza nos apóstolos e nos discípulos de Jesus uma verdadeira transformação. A primeira leitura relatou-nos este facto. Eram homens medrosos, fracos, sem compreensão dos mistérios, e sem audácia. Com o Espírito, tornam-se possuídos pelo fogo divino, homens audazes, inteligentes, com fortaleza, sem medo. Começam a pregar o Evangelho, a ser perseguidos por causa de Jesus e da sua doutrina, mas nada nem ninguém os demove. O Espírito Santo é devorante a alma da Igreja, a força dinamizadora da sua acção apostólica, e é o grande impulsionador da graça, da santidade, da renovação pessoal e comunitária. Cada um de nós, como baptizado, tem em si mesmo, no santuário de seu interior o Espírito Santo. Somos templos vivos da Sua presença. A presença ou a habitação deste Espírito no espírito de cada um de nós e de cada cristão assinala também a pertença verdadeiramente cristã. Renascer para o projecto de Deus, por sua vez, é o fruto do nosso permanecer e da nossa vivência com Deus, revivendo a sua presença em nos.

Na dinâmica da missão da Igreja, o Espírito Santo assume o papel muito importante. A respeito disto, o Concílio Vaticano II salienta que o Espírito Santo é a Protagonista, a Alma e o motor da missão da Igreja. É neste contexto que podemos perceber mais uma vez àquilo que a primeira leitura nos referiu hoje, isto é, o povo reunido pelo Espírito de Jesus, torna-se epifania de Deus, proclamando suas maravilhas, levando o projecto de Deus a todos os povos.

Levar e realizar o projecto de Deus no nosso mundo de hoje não tem sido fácil. Exige da nossa parte uma grande responsabilidade e capacidade de traduzir a linguagem do Espírito no meio do mundo que por vezes parece-nos está muito dividido, falta da paz e carenciado do amor. Mas Jesus, no meio dessas realidades caóticas que nos desafiam, promete-nos a presença de um companheiro e Mestre fiel. Ele não vai nos deixar como órfãos. O Evangelho de S. João, 14, 1-26 diz; “Não vós deixarei órfãos…Eu voltarei a vós…fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco, mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará a meu nome, essa é que vos ensinará tudo”.

Esta festa da vinda do Espírito Santo dá-nos, portanto, a certeza de que não estamos sozinhos na nossa missão. Cristo cumpriu a sua promessa, enviando-nos o Seu Espírito e esse, vai nós indicar e ensinar caminhos para podermos chegar e traduzir a linguagem do amor no mundo de hoje, e acalma-nos, ao mesmo tempo, das nossas preocupações com a sua própria palavra “A paz esteja convosco”.

Esta saudação da paz que encontramos no Evangelho de hoje diz o Papa Bento XVI, não é uma simples saudação, mas sim, o dom da paz prometida que foi conquistada por Jesus ao preço do seu sangue e também é uma ponte que Ele lança entre o céu e a terra. Nesta ponte sempre juntamente com Ele, também devemos alcançar aqueles que precisam de nós. Aqui, consiste a dimensão missionário da solenidade de Pentecostes que estamos a celebrar.
A característica missionária desta festa, está sublinhada também na própria palavra de Jesus “Assim como o Pai me enviou também eu vos envio a vós”. Jesus com este envio, deseja que a sua missão continue através dos Apóstolos e seus sucessores. É a Igreja “Apostólica”, somos nos, que se perfila. Como o Senhor saiu do pai e nos doou luz, vida e amor, assim a missão deve continuamente pôr-nos em movimento, tornar-nos inquietos, para levar a quem sofre, a quem está em dúvida, e também a quem hesita, a alegria de Cristo. Para que isto aconteça e para que a Boa nova chegue ao seu destino, é preciso que, nós, a Igreja apostólica, e agentes pastorais vivamos sempre no espaço do sopro de Jesus Cristo, a receber a vida d’Ele, de modo que Ele inspire em nós a vida autêntica, a vida da qual morte alguma nos pode privar.

A santidade pessoal de Santo Arnoldo Janssen e de São José Freinádemetz, fundador e missionário itinerante na China dos Verbitas, e o sucesso nas suas actividades missionárias é consequência do seu permanecer em Deus, resultado da sua abertura ao Espírito Santo e, fruto da sua confiança na providência de Deus trinitário. Nos, porém, que bebendo da mesma fonte da espiritualidade arnoldina, deixamos que a nossa vida e a nossa missão seja cativada, conduzida e transformada pelo mesmo Espírito que fez do Arnoldo Janssen e do José Freinádemetz santos de Deus e modelos dos homens.

Regresso dum peregrino perdido


Qeridos leitores, venho de novo com o novo espírito. Depois de muito tempo, apareço-me de novo e desta vez, queria-vós saudar com um abraço de amigo. Queria que este espaço continuasse a ser uma sombra para ti onde podes respirar o ar novo cheio de amor e de amizade. Se calhar alguem-me perguntou "onde é que tenho andado e que tenho feito?". Bem!!, recuei-me para programmar a minha vida e não tenho feito algo de especial. Encontro-me de novo em Portugal, particularmente na parte sul deste país. Bem haja!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Viver a Quaresma com o Verbo Divino -VI

A Palavra de hoje:

Isaís 50, 4-7; Filipenses 2, 6-11; Mateus 26, 14 – 27, 66
Meditação
- Isaís 50, 4-7
A fidelidade a Deus e aos homens – à missão recebida em seu favor – faz que o Servo de Javé permaneça firme no sofrimento, na ignomínia, no aparente fracasso. Atento discípulo da Palavra de Deus, profeta e mestre de sabedoria com o povo, com a sua sorte prefigura a de Cristo, o humilde que não opôs resistência à vontade do Pai nem se subtraiu à maldade dos homens, seguro – até à hora suprema do abandono na cruz – de que o desígnio de Deus é dom de salvação que se oferece a todos (v.7; cf. Mc 15, 34 e Lc 23, 43.46).
- Mateus 26, 14 – 27, 66
A paixão de Jesus é paradoxalmente – na narração de Mateus – a paixão do Filho do homem, do Senhor da glória, do Juiz universal. Ele é o Deus-connosco, e salva-nos pelo caminho do Servo sofredor, sendo crucificado “como cordeiro conduzido ao matadouro”. Aí nos deu a prova máxima do plano de Deus que é amor. Aquele que podia ter recorrido a mais de doze legiões de anjos para livrar-se das mãos dos homens, deixa-se capturar sem resistência (26, 50b-54); cala-se diante dos “grandes” sem utilizar manifestações sobrenaturais (27, 14.19); reza três vezes humildemente ao Pai, (v.39.42.44), sofre a solidão (v.40) e partilha com os discípulos a sua tristeza de morte (v.38) e a sua debilidade da sua carne (26, 41b).
A sua morte na cruz rubrica a passagem para uma condição totalmente nova: o fim de um culto de sacrifícios, “o véu do templo rasgou-se”, (v.51) e a nova criação: a terra tremeu… e abriram-se os túmulos (v.51-52) e a plena manifestação de que o Crucificado é o Filho de Deus: o centurião e os que guardavam Jesus, muito amedrontados, disseram: de facto, este era o filho de Deus (v.54). De acordo com a perspectiva do seu evangelho, Mateus, mais que os outros evangelistas, insiste no cumprimento das Escrituras – explicitamente ou por meio de citações – para indicar que a paixão faz parte do plano salvífico de Deus.
O absurdo da humanidade, encarnada no povo eleito, é que toda a vida se espera a salvação e na hora em que ela aparece, mata-a: Vós acusastes o Santo e o Justo e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o príncipe da vida (Act 3, 14-15).
Perguntas para reflexãoNo relato da Paixão segundo Mateus aparecem várias personagens secundárias:
- Qual é a atitude frente a Jesus da mulher de Betânia, de Pilatos e da sua mulher, dos soldados ao pé da cruz, de Simão de Cirene, das mulheres que seguem Jesus desde a Galileia, de José de Arimateia?
- Qual é a atitude dos discípulos?
- Como entendes a multidão que tão depressa o aclama como pede a sua morte?
- Como reagimos quando vemos alguém a sofrer injustamente?
- Estamos conscientes de que a Paixão de Cristo continua em todos aqueles que sofrem injustamente?

A Palavra converte-se em oração:
Rezar Salmo 22 (21):
Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste,rejeitando o meu lamento, o meu grito de socorro?Meu Deus, clamo por ti durante o dia e não me respondes;durante a noite, e não tenho sossego.Tu, porém, és o Santoe habitas na glória de Israel.Em ti confiaram os nossos pais;confiaram e Tu os libertaste.A ti clamaram e foram salvos;confiaram em ti e não foram confundidos.Eu, porém, sou um verme e não um homem,o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.Todos os que me vêem escarnecem de mim;estendem os lábios e abanam a cabeça.«Confiou no Senhor, Ele que o livre;Ele que o salve, já que é seu amigo.»Na verdade, Tu me tiraste do seio materno;puseste-me em segurança ao peito de minha mãe.Pertenço-te desde o ventre materno;desde o seio de minha mãe, Tu és o meu Deus.Não te afastes de mim, porque estou atribuladoe não há quem me ajude.Rodeiam-me touros em manada;cercam-me touros ferozes de Basan.Abrem contra mim as suas fauces,como leão que despedaça e ruge.Fui derramado como água;e todos os meus ossos se desconjuntaram;o meu coração tornou-se como cerae derreteu-se dentro do meu peito.
A minha garganta secou-se como barro cozidoe a minha língua pegou-se-me ao céu da boca;reduziste-me ao pó da sepultura.Estou rodeado por matilhas de cães,envolvido por um bando de malfeitores;trespassaram as minhas mãos e os meus pés:posso contar todos os meus ossos.Eles olham para mim cheios de espanto!Repartem entre si as minhas vestese sorteiam a minha túnica.Mas Tu, Senhor, não te afastes de mim!És o meu auxílio: vem socorrer-me depressa!Livra a minha alma da espada,e, das garras dos cães, a minha vida.Salva-me da boca dos leões;livra-me dos chifres dos búfalos.Então anunciarei o teu nome aos meus irmãose te louvarei no meio da assembleia.Vós, que temeis o Senhor, louvai-o!Glorificai-o, descendentes de Jacob!Reverenciai-o, descendentes de Israel!Pois Ele não desprezou nem desdenhou a aflição do pobre,nem desviou dele a sua face;mas ouviu-o, quando lhe pediu socorro.De ti vem o meu louvor na grande assembleia;cumprirei os meus votos na presença dos teus fiéis.Os pobres comerão e serão saciados;louvarão o Senhor, os que o procuram.«Vivam para sempre os vossos corações.»Hão-de lembrar-se do Senhor e voltar-se para Eletodos os confins da terra;hão-de prostrar-se diante deletodos os povos e nações,porque ao Senhor pertence a realeza.Ele domina sobre todas as nações.
Diante dele hão-de prostrar-se todos os grandes da terra;diante dele hão-de inclinar-se todos os que descem ao póe assim deixam de viver.Uma nova geração o serviráe narrará aos vindouros as maravilhas do Senhor;ao povo que vai nascer dará a conhecer a sua justiça,contará o que Ele fez.ouÓ Pai, Deus de misericórdia e de perdão, olha com piedade os teus filhos culpados de terem pregado numa cruz o teu amado Filho.Pelo seu sangue derramado na solidão do abandono, lava todas as nossas culpas e rompe a dureza dos nossos corações, para que, purificados pelas lágrimas do arrependimento, acolhamos o dom da tua infinita compaixão, que é o único que nos pode tornar de novo inocentes.

terça-feira, 4 de março de 2008

Viver a Quaresma com o Verbo Divino - V

Ambientação:
No baptismo o homem passa da morte à vida (Evangelho e 1ª leitura) e chega a ser capaz de agradar a Deus vivendo do Espírito do ressuscitado (2ª leitura). Celebra-se o terceiro escrutínio e durante a semana entrega-se como tradição aos catecúmenos a oração do Senhor (o Pai-nosso).
Os catecúmenos eleitos reúnem todos os domingos, reflectem sobre os evangelhos, partilham uns com os outros como foi o seu caminho pessoal para acreditar em Jesus e no final da semana santa fazem um retiro de preparação para a vigila pascal, durante a qual recebem os sacramentos de iniciação cristã.


A Palavra de hoje:
Ezequiel 37, 12-14; Romanos 8, 8-11; João 11, 1-45.

Meditação:
- Ezequiel 37, 12-14
Na liturgia deste domingo fala-se da ressurreição num crescendo que vai desde o presente fragmento do Antigo Testamento à vitória definitiva de Cristo sobre a morte. Deus, pela boca de Ezequiel, anuncia a próxima abertura dos túmulos.
Trata-se do regresso dos desterrados. Desde o ano 586 a.c., os hebreus encontravam-se deportados na Babilónia e outros lugares, e o desalento apoderou-se dos seus corações, mas o Senhor vai fazer que o seu povo, que se sente como um morto em terra estrangeira, experimente directamente o seu poder vivificante. Deus é quem tem poder de cumprir quanto promete (cf. v.14b). Esse dia será como uma nova criação. As imagens que Ezequiel utiliza pré-anunciam a futura proclamação da salvação integral da humanidade na ressurreição de Jesus.

- João 11, 1-45
O texto da “ressurreição de Lázaro”prepara directamente os acontecimentos pascais e explicita um dos aspectos fundamentais da cristologia joanina. Num crescendo lento, no relato passa-se da narração da doença (vv.1-6), à morte e à sepultura (v.7-37), até à ressurreição ao quarto dia (vv.38-44). Nas entrelinhas aparece a humanidade de Jesus cheio de ternura, que não reprime as lágrimas nem os soluços (vv.33.35), e mostra Jesus numa família amiga - Marta, Maria e Lázaro.
Diante do maior obstáculo da vida que é a morte, a pergunta sobre a fé não é colocada a pessoas desconhecidas, mas a pessoas amigas e discípulas de Jesus. Diante da fé na ressurreição no último dia, já presente nalguns sectores judaicos e que Marta reafirma, Jesus declara-se Ele mesmo “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA” (v.25). e pergunta-lhe: “Crês nisto?” O “credo” de Marta é em si igual ao de Pedro. Sim, Senhor, Tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo.
“Eu sou a ressurreição e a vida” é a palavra mais reveladora deste texto. Faz lembrar a revelação do nome “JAVÉ” (Ex. 3,14). O potente grito com que Jesus chama Lázaro para fora do sepulcro (v.43) tem a força do chamamento à vida do primeiro Adão (cf. Gen 2, 7) e o dramatismo da entrega do Espírito de Jesus na cruz: “ Jesus deu um grande grito: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). E o Pai, que sempre escuta o grito do inocente, vai dar a Jesus a Ressurreição que é a NOVA CRIAÇÃO.
Perguntas para reflexão:
- O que é que te diz este grupo de amigos de Jesus: Marta, Maria e Lázaro?
- Que tem isto a ver com o nosso conhecimento de Jesus e o nosso relacionamento com Ele como família
- Igreja doméstica?
- Qual foi a maior crise de fé para os discípulos de Jesus?
- Que relação tem este texto a ver com o nosso baptismo? (cf. Rom 6, 3-5)
- A experiência da morte de um ser querido ajudou-te a amadurecer na fé em Jesus? De que modo?
- Como devia influir a nossa fé na ressurreição, na forma de viver a morte desde agora e na vida de cada dia?

A Palavra converte-se em oração:
Salmo 116 (114-115):

Amo o Senhor,porque ouviu a voz do meu lamento. Ele inclinou para mim os seus ouvidos,no dia em que o invoquei.Cercaram-me os laços da morte,caíram sobre mim as angústias do sepulcro;estava aflito e cheio de ansiedade,mas invoquei o nome do Senhor:«Ó Senhor, salva-me a vida!»O Senhor é bondoso e compassivo,o nosso Deus é misericordioso.O Senhor guarda os simples;eu estava sem forças e Ele salvou-me.Volta, minha alma, ao teu repouso,porque o Senhor foi bom para contigo.Ele livrou da morte a minha vida,das lágrimas, os meus olhos,da queda, os meus pés.Andarei na presença do Senhor,no mundo dos vivos.Eu tinha confiança, mesmo quando disse:«A minha aflição é muito grande!»
Na minha perturbação, eu dizia:«Todo o homem é mentiroso!»Como retribuirei ao Senhortodos os seus benefícios para comigo?Elevarei o cálice da salvação,invocando o nome do Senhor.Cumprirei as minhas promessas feitas ao Senhorna presença de todo o seu povo.É preciosa aos olhos do Senhora morte dos seus fiéis.Senhor, sou teu servo, filho da tua serva;quebraste as minhas cadeias.Hei-de oferecer-te sacrifícios de louvor,invocando, Senhor, o teu nome.Cumprirei as minhas promessas feitas ao Senhorna presença de todo o seu povo,nos átrios da casa do Senhor,no meio de ti, Jerusalém!Aleluia!

O 2.º encontro do grupo de Diálogos Jovem (DJ) realizado na casa dos Missionários do Verbo Divino em Lisboa


domingo, 2 de março de 2008

Viver a Quaresma com o Verbo Divino - IV

Ambientação:
No baptismo o homem assume a sua condição de viver livre e como irmão, aceitando viver de Cristo (Evangelho); deixa-se capacitar para viver como filho da luz (2ª leitura), e é consagrado com a unção real (1ª leitura). Neste domingo, celebra-se o segundo escrutínio, isto é, oração da comunidade sobre os eleitos, para iluminação e purificação.
A Palavra de hoje:
1 Samuel 16, 1b.4a.6-7.10-13a, Efésios 5, 8-14, João 9, 1-41
Meditação:
- 1 Samuel 16, 1b.4a.6-7.10-13a
Com a unção de David a realeza passa à tribo de Judá: cumpre-se assim a predição de Jacob no seu leito de morte, vendo o futuro das diversas tribos (cf. Gen 49, 8-12). Também o ancião Samuel deve aprender a olhar com os olhos de Deus. Pois o Senhor “viu” (como indica literalmente o v.1b) entre os filhos de Jessé, um rei segundo a sua vontade e manda o profeta consagrá-lo. Como conhecer entre os jovens que desfilam diante dele o eleito de Deus? Samuel “vê” as qualidades do primogénito parecidas às de Saul, mas o Senhor indica outro critério de discernimento: o “ver” de Deus é distinto do “ver” humano (v. 7 no original), porque Deus olha ao coração, não ao exterior.
De acordo com este olhar divino, Samuel descarta os filhos mais velhos de Jessé (vv.8-10) e procede logo, sem duvidar, à unção do mais novo, sem ter em consideração o seu pai (v. 12). Sobre este “pequeno” se pousará de modo estável (v. 13b) o Espírito do Senhor, esse Espírito que só de modo ocasional tinha irrompido nos Juízes e que abandonou definitivamente a Saul (v.14), repudiado por Deus por causa da sua orgulhosa desobediência.Meditação
- João 9, 1-41
A narração do milagre do cego de nascença alcança todo o seu alcance teológico no contexto em que aparece: a festa das Tendas (Jo 7 – 10). Jesus revela-se a “luz do mundo” (8, 12), suscitando a consequente polémica com os fariseus. O milagre acontece nas imediações do templo. Os discípulos fazem uma pergunta: Quem pecou? O cego de nascença nada pede. É Jesus que o olha e toma a iniciativa de ungir-lhe os olhos.
O texto aborda um tema fundamental: a teologia da retribuição. Se alguém sofre é porque alguém pecou. Jesus afirma claramente: “não foi um pecado seu nem de seus pais”. A cegueira (sofrimento) indica mais claramente a situação do homem. Todos somos cegos de nascença. Todos estamos “enfermos” de uma enfermidade tão grave que não nos restam forças para recorrer ao único que pode curar.
A cura, a salvação é iniciativa de Jesus. A sua acção faz lembrar o relato da primeira Criação (cf. Gen. 2, 7; o barro, aplicado agora aos olhos: v.6). Para que o homem possa ver a luz, precisa-se de uma nova criação. Jesus dá uma ordem ao cego de nascença que, ao contrário de Adão, obedece. No cego de nascença vai-se dando um processo de fé. Vejamos os passos deste caminho para a fé.
1 – No primeiro encontro com Jesus, o cego de nascença não sabe quem é Jesus, mas obedece às suas palavras: “Vai, lava-te na piscina de Siloé”v.7 (Siloé, quer dizer enviado). Ir no caminho indicado.
2- Na surpresa e dúvida dos seus conhecidos, face à mudança que nele aconteceu, ele reafirma a sua identidade: “sou eu mesmo” v.9. e responde às perguntas sobre quem o curou e diz que foi esse homem que se chama Jesus. Assumir-se diante dos vizinhos e conhecidos.
3 - Depois levaram-no aos fariseus, representantes da religião, diante dos quais tem que responder de novo às perguntas: como que ficastes a ver? Neste momento ele tem a coragem de contradizer os chefes da religião e afirma que Jesus vem de Deus e é um profeta (v.16-17). Assumir-se diante dos representantes da religião.
4 - No passo seguinte é a família que tem que fala e que se nega por medo. Dizem aos fariseus para perguntarem ao próprio que já tem idade para responder. Assumir-se diante da família.
5 - Expulsam-no da sinagoga. Assumir o sofrimento por fidelidade
6 - Jesus ouviu dizer que o tinham expulsado e quando o encontrou disse-lhe: tu crês no Filho do homem? Receber a graça do segundo encontro com Jesus
7 - Ele respondeu: E quem é Senhor, para eu crer nele? Disse-lhe Jesus: Já o vistes. È aquele que está a falar contigo. Então exclamou. Eu Creio, Senhor! (vv 35-38) Professar a fé.

Perguntas para reflexão:
- Como era vista a doença no tempo de Jesus?- Como vai crescendo na fé o cego de nascença?- Olhando para este texto que dificuldades já enfrentastes para acreditar em Jesus?- De que cegueira necessitamos ser curados para nos tornarmos uma ver dadeira comunidade de irmãos e irmãs, filhos e filhas da luz?
- A Palavra torna-se oração - (Oração composta pelo Pe. Arnaldo e rezada cada 15 minutos por todos os confrades)
P: Deus verdade eterna,
A: Cremos em vós.
P: Deus, nossa força e salvação,
A: esperamos em vós.
P: Deus, bondade infinita
A: Amamo-vos de todo o coração
P: Enviastes o Verbo, Salvador do mundo
A: Fazei que n’Ele sejamos um.
P: Infundi em nós e Espírito do Filho,
A: Para que glorifiquemos o Vosso nome. Ámen.

domingo, 24 de fevereiro de 2008